Salve,
salve galera! Manda LP saindo do hiato mais rápido do que o grande acelerador
de hádrons e trazendo até vocês o texto colaborativo com a Carol sobre a grande
cerimônia que ocorreu ontem.
“Se
você acompanha o Oscar por pelo menos umas 4 edições, você já acha o
padrão exato que a Academia segue para fazer suas escolhas e cometer as
injustiças. Estamos na 89th edição do Oscar, uma premiação que talvez a
gente dê credibilidade e ibope demais em algo que, infelizmente, já perdeu sua
essência e que está acabada por inúmeros pontos e fatos que devemos com toda
certeza analisar e criticar. O Oscar está se mostrando uma premiação que não
deve mais ser tão louvada principalmente devido a sua comissão de críticos de
cabeça um tanto quanto fechada para as obras que realmente devem receber os
holofotes. Se você realmente entende como a Academia pensa, você nem precisa
assistir o Oscar para saber quem são os ganhadores, como falei acima, o padrão
se repete e vai sempre repetir, não importa o quão ruim for a qualidade do
filme, mas se seguir os padrões da Academia que iremos criticar, ele estará lá
esperando receber um prêmio que não deveria.”
Nunca esquecendo que são seis mil
votantes na premiação, com uma média de idade que ultrapassa os 60 anos.
Segundo a OMS a expectativa de vida média é de 71,4 anos, ou seja, é uma galera
as portas da morte, que antes de bater o prazo de validade quer fazer durar sua
percepção das coisas, não importa o quão cagada seja.
Primeiro, vocês repararam numa coisa
curiosa? Ano passado, atores e diretores negros fizeram um boicote a Academia
juntamente de vários artistas que se solidarizaram, logo esse ano houve um
recorde na quantidade de atores afro-descendentes indicados, muita
coincidência, não acham? Tenho certeza que alguém deve estar com a bunda
coçando para falar: “Ah! Mas esse ano houve um nítido aumento nos filmes com
negros. ” Pode até ser, mas será que houve um aumento na qualidade também?
Estou
certo que ninguém aqui é cínico ou idiota e já devem ter percebido que o aumento
no número de afro-descendentes indicados e uma eventual vitória significa
apenas: “Dê um Oscar pra um deles, assim param de nos encher e agradamos todo
mundo” e é isso que a Academia faz, agradar e depois voltar tudo ao normal. Gente
isso é claramente um sistema de cotas. Sistema esse que esta invariavelmente fadado
ao fracasso. Imagina que alguém ergue um dedo: “Hey, vamos abrir vagas para negros,
que sempre foram explorados." Um outro vai erguer: “Ei, se tem pra negros, tem
pra amarelos”, “ Ei! Judeus sofreram no holocausto, vamos dar vaga a filmes de
diretores judeus. ” “Ei, portadores de óculos, não tem como competir, não
enxergam direito a ficha de inscrição. “ “ Ei! Indivíduos com dificuldade de
ereção, afinal de contas já não conseguem gozar, que pelo menos ganhem um
prêmio. ” Eu não sei se você entendeu, mas a justiça por proporcionalidade não
rola para dar conta da complexidade das coisas. Logo a saída é a justiça distributiva,
método geométrico, terceiro elemento. E não podemos esquecer o fato de que essa é
uma premiação que ocorre dos americanos, para os americanos, mesmo que seja
dita como um evento do cinema mundial que no fim precisou criar
categorias apenas para produções estrangeiras. Pelo jeito será que se sentem
ameaçados pelas produções argentinas ou francesas que possuem uma qualidade que
claramente é muito acima em algumas ocasiões? Só para de demonstrar em números,
dos 89 prêmios, apenas 15 eram de outros países, quer dizer,
foram gravados em outros países que tinham a produção de lá também, sendo 10
deles totalmente britânicos, meio britânicos com EUA e o restante produção de
vários países em conjunto ─
com os EUA também.
Evidente que precisamos embasar para vocês
quais são os critérios adotados por essa magnânima entidade: para
começo de conversa, a gente sabe que comédias não ganham Oscars e deve ter algo
a ver com a forma narrativa de Aristóteles lá na Grécia antiga; depois é que o filme
precisa ser realista, ou seja, possuir uma narrativa que aconteça em nossa
realidade presente ou passada ─ prova disso é que apenas Senhor dos
Anéis O Retorno do Rei ganhou o prêmio máximo que é a categoria de Melhor Filme ─ além do apelo
social que é sempre muito requisitado e se rolar uma guerra,
preferencialmente sobre a Segunda Guerra Mundial, pois mostra como os
norte-americanos foram importantes para essa história, logo não faltando filmes
patriotas que mostram a bandeira dos EUA o tempo todo; heróis de guerra ou
de missões, história de vida sobre grandes gênios ou pessoas que
possuem alguma doença que mude suas vidas são também os tipos
favoritos da Academia. Quantos filmes de gênios que não ganharam o prêmio
máximo e/ou de melhor ator? Quantas atrizes não ganharam ou foram indicadas
como Melhor Atriz por interpretarem personagens com algum tipo de doença ou
distúrbio mental? Filmes que são baseados em fatos reais ou grandes
pessoas da história também possuem um lugar guardado especialmente para
eles nas indicações.

Outro advento muito curioso está no fato
de que se voltarmos para 2002, ano da primeira premiação na categoria de Melhor
Animação, veremos uma coisa incrível: a Dreamworks
é o estúdio com mais indicações ao Oscar de Melhor Animação, com um total de
11, seguido de perto por Disney e Pixar com 10 cada uma. A parte
interessante vem agora, o estúdio responsável por Shrek só ganhou duas vezes a
cobiçada estatueta, enquanto o estúdio do Jobs
levou 8 para casa, ao passo que o estúdio do Rato já possui 2 e não me
surpreenderia com a terceira esse ano. Agora, sabem quem foi o único filme
a estrangeiro a ganhar esse prêmio? A viagem de Chihiro, lá em 2003, um
verdadeiro cala a boca de quem reclamar. E para deixar a injustiça mais
evidente, esse ano a Disney concorre
com dois filmes, Moana e Zootopia… Será que tá faltando animações de qualidade
lá fora? No duro? Sendo que praticamente todo ano temos as incríveis obras do Studio Ghibli, da Blue Sky e da mais nova Laika e no fim temos 50% de chance de Disney/Pixar levar contra todos os
outros estúdios que fazem animações com exímia expertise em técnicas
diferentes, com histórias e personagens muito ricos contra a simplicidade dos
já citados.
Apesar de termos muitos pontos que
podemos aprofundar, quem sabe em uma próxima vez. Será que o Oscar realmente
merece todo seu ibope? Vemos claramente diversas injustiças nas premiações todo
ano, como o descaso com Amy Adams
que fez dois filmes com uma aceitação absurda. Ou Garota Exemplar de David Fincher em 2014 que foi
literalmente jogado de lado por um ano com filmes “básicos” na concorrência, eu
e o LP apostamos que se tivesse
um “baseado em fatos reais” estaria mais do que ganhando tudo no Oscar, já que
em outras premiações Garota Exemplar foi bastante nomeado e vencedor.
"Por mim, Carol, acho que a melhor
parte é acompanhar a alta costura no tapete vermelho, já que o Oscar morreu
para mim em 2011 quando começou uma seleção de filmes fraquíssimos sendo
nomeados e o tombo de Jennifer Lawrence mostrando toda deselegância da
Academia, pois foi isso que eu vi ─ aliás que filme fraco. Como um bom
estadunidense, o Oscar quer ser algo apreciado mundialmente, mas apenas
louvando eles mesmos."
Já pro LP que vós fala, a
cerimônia ainda conta com alguma força entre seus espectadores e como eu tenho
uma Tia chamada Esperança, né? Mas a realidade é que já faz pelo menos umas 4
ou 5 edições que esse aclamado prêmio desceu a ladeira de qualidade, tal qual
um carro com os freios cortados. Resta a pergunta, ainda há espaço para minha
Tia?