Isso é o que nós sabemos. O mundo tornou-se mais sombrio. E,
enquanto temos motivos para temer, temos a força para não fazê-lo. Há heróis entre
nós, para nos lembrar que apenas do medo, vem a coragem. Que apenas da
escuridão, podemos verdadeiramente sentir a luz.
Recebi o chamado da torre de vigilância, então ressurgi dos
mortos apenas para falar da maior reunião de super-heróis de todos os tempos.
Sim meus amigos, depois de anos de espera a Liga da Justiça se reúne nos
cinemas e como fundador do grupo homônimo dos blogs, não podia ficar de fora
desse evento.
A Liga da Justiça dos Blogs é composta pela Alê, Carol,
Clay, Juju, Pâm, Teca, Tami e por este símbolo de esperança que vos escreve.
Quem já vem acompanhando os posts da LJB sabe como eu
costumo fundamentar meus textos. Esse talvez saia ligeiramente diferente pelo
fato de ser a reunião da Liga, algo pelo qual viemos esperando a tempos, logo vai
ter explicação pra caralho, spoiler pra caralho, então se prepare que já vamos
começar.
“Alimentado por sua fé restaurada na humanidade e inspirado
pelo ato de altruísmo de Superman, Bruce Wayne busca a ajuda de sua nova
aliada, Diana Prince, para encarar um inimigo ainda maior. Juntos, Batman e
Mulher-Maravilha trabalham rapidamente para encontrar e recrutar um time de
metahumanos para encarar essa ameaça recém-desperta. Mas apesar da formação
dessa liga sem precedentes de heróis - Batman, Mulher-Maravilha, Aquaman,
Ciborgue e Flash - talvez seja tarde demais para salvar o planeta de um ataque
de proporções catastróficas.
Roteiro: O primeiro ponto importante a se identificar
em Liga da Justiça é o fato de que houveram dois diretores e por consequência,
mais de um roteirista. O primeiro foi o divisor de opiniões Zack Snyder, o segundo foi o aclamado
diretor de vingadores Joss Whedon. E
aqui começa o primeiro problema. Vejam, se cada um tivesse feito a sua na boa,
é provável que nós tivéssemos o filme de heróis perfeito, com diálogos escritos
de uma maneira a humanizar os personagens, ao passo que haveriam problemas que
seriam resolvidos em três ou quatro linhas de fala. Enquanto as cenas de ação
seriam épicas e inesquecíveis. Mas não foi isso que rolou. Eu não sei se a
culpa é do Whedon ou se foram os estúdios
que meteram a mão, mas não só as falas foram mudadas, como as cenas de lutas
foram picotadas e desprovidas daquela sensação de sequência que o Zack conseguia transmitir tão bem e
então o que vimos sendo composto em tela foi algo mais ou menos parecido com
Esquadrão Suicida, onde pequenas cenas fechadas se sobrepõem como uma colcha de
retalhos. Nós não seguimos a mente de um personagem durante muito tempo, o que
pode acarretar em incomodo para a maior parte do grande público.
No que toca o roteiro em si, nós temos a história do novo
deus, Lobo da Estepe perseguindo as caixas maternas* pra sua conquista mundial.
Logo, as caixas maternas são o MacGuffin** da trama. Bom, os novos deuses são
uma criação do filho da Marvel, Jack
Kirby quando ele se rebelou e resolveu fazer casa na DC. Os novos deuses
são uma raça alienígena avançada e poderosa que surgiu depois do primeiro “fim
do mundo”. Eles se dividem basicamente em dois planetas, Nova Gênese, que é
governada por Izaya, o pai celestial e Apokolips, atualmente governada por
Darkseid.
Infelizmente existe logo no core central da historia o que
poderia ser entendido como “marvelização” de um filme. Pensando apenas no
decorrer da trama, o que nós temos é uma simplificação do vilão em seus
objetivos, recuperar as caixas maternas e destruir o mundo, enquanto um grupo
de cinco heróis tenta inicialmente detê-los sozinhos e descobrem que não são páreo
pra ele. Se você não conhecer necas de quadrinhos essa história será ok, talvez
enfadonha devido ao fato de já ter sido usada a exaustão.
Outro agravante para a Liga da Justiça está na montagem
final da trama, eu na verdade achei os personagens bem escritos e seus plots
simples e fáceis de entender. Ajuda se você já tiver uma base, mas aceitar não
é tão difícil. Como espectador o que incomoda mesmo é que dá pra perceber
nitidamente onde está a mão de cada diretor, falas que claramente destoam de
momentos específicos, combates que tomam um rumo e de repente são cortados e
seguem para outro totalmente diferente, tudo isso é o maior prejudicial do
filme.
No quesito tom, o que vemos é uma mudança completa no que
havia em Batman v Superman: a Origem da Justiça, não posso dizer que ele sofre
dos mesmos problemas dos filmes da Marvel, mas também não posso dizer que ele
passa incólume... Sinceramente, não venham me dizer que alguns filmes se
assumem como piadas escrachadas e tem de ser respeitados por isso e ter seu mérito
reconhecido, essa desculpa não cola. Veja Thor Ragnarok por exemplo, você jura
pra mim que vai ver todo um planeta ser destruído e vai fazer piada? Jura
mesmo? Esse corte de efeito dramático ocorre apenas uma vez em Liga, o que eu
já acho demais.
Atores:
Ben Affleck: Na
sua primeira aparição eu tive certeza que ele era o melhor Batman de todos,
ainda acho. Muita gente diz que a mudança não condiz com o que se espera do
personagem, na verdade eu discordo um pouco. O humor do Batman não é nem de
longe aquele de “tiozão” que os brasileiros apontaram, na 3ª vez que fui ver o
filme no cinema, a sensação que me passou foi a de um Batman com tiradas cínicas,
hipócritas talvez, um senso de superioridade que se aproxima do homem de ferro,
mas sem ser tão ofensivo.
Gal Gadot: A
nossa mulher maravilha faz aqui seu papel tão bem quanto no filme solo ou mesmo
no primeiro filme que ela aparece. Inclusive, graças ao diálogo, nós
conseguimos entender que ela não fica ausente por 100 anos, ela apenas tem medo
de dar a cara a tapa e perder mais alguém, como perdeu o Steve Trevor.
Ezra Miller: Um
personagem mais polêmico, alguns gostaram, outros detestaram ao passo que um
amigo me disse que ele carrega o filme nas costas. Bom, eu entendo o que o Whedon quis fazer com ele. O Flash é a
criança que se deslumbra com os acontecimentos, que serve como ponte entre os
eventos do filme e o público que está acompanhando. Mas vejam, eu disse que
entendo, não disse que aprovo. Percebam, algumas vezes os excessos do Ezra ficaram cansativos e por pelo
menos três vezes atrapalharam o andamento da cena. Eu gosto dele, acho um bom
ator que inclusive tem umas das cenas mais memoráveis, a cara que ele faz
quando o Superman mostra que pode acompanha-lo, quanto mais eu penso, mais eu
adoro. Mas com certeza o segundo diretor poderia ter aliviado a mão.
Ray Fisher:
Coadjuvante de luxo, eu sei, mais pra baixo eu explico o porquê isso não ser de
todo mal. Mas gostei muito da fidelização com o personagem, onde até entrar
para a Liga ou Jovens Titãs no caso, ele era atormentado, vítima de sua
condição causada pelo seu pai. Gostei da frieza mecânica que o Ray trouxe ao seu personagem. Outro ponto
positivo está nos diálogos e na parte gráfica do Cyborg, tudo ficou muito bem
feito, um arco rápido, mas muito bom.
Jason Momoa: Aquaman,
esse ficou nítida a sensação de que havia muito mais dele no filme, do que foi
verdadeiramente entregue, talvez seja, juntamente com o Flash aquele que mais
desaponta, estava nítido que ele se recusaria a entrar para a equipe (aparece
isso no primeiro trailer) e que seria muito mais marrento. Ele está poderoso e
talvez em seu próprio filme, com apenas um diretor, será mais fiel a uma ideia,
porém deixou muito a desejar.
Henry Superman
Cavill: Tal como Jesus ressuscitou ao terceiro dia, SuperCavill ressuscita
no 3º filme. Superman é o MacGuffin dos heróis quando estes percebem que não serão
capazes de dar conta da ameaça. E sim galera, eu sou um grande admirador do
trabalho do Cavill, do seu Superman
e esse filme foi mais um acerto para conta dele. Ele demonstra poder,
conseguindo segurar a Liga inteira sozinho, raiva, ao se deparar com o Bruce
logo após a ressurreição e otimismo, salvando todos que pode lá na Rússia e
fazendo algumas piadas, inclusive fazendo a cena clássica de rasgar a roupa e
exibir o S do uniforme. Creio que todo esse arco evolutivo foi ideia do Zack desde o Homem de Aço, embora eu
tenha certeza que o caminho seria muito mais pedregoso se não fosse a
intervenção do estúdio. Acho que disparado o Superman foi o ponto alto do
filme.
Lobo da Estepe: Sim,
ele merece uma ponta só para ele porque há muito que eu preciso explicar. Pois
bem, nas histórias que envolvem os novos deuses eles vem a Terra apenas para
procurar a equação antivida, um poder ancestral que dará controle absoluto para
que o portar e Darkseid o soberano de Apokolips acredita que o livre-arbítrio dos
humanos tem algo a ver com isso. A primeira vinda do Lobo, onde ele traz não
apenas um vasto exército de parademônios como também naves de batalha e
generais seria a mando de seu soberano e sobrinho. Porém, com a reunião de deuses
e heróis, além de um exército digno de O Senhor dos Anéis, ele acaba sendo
derrotado e expulso do planeta. Na segunda vez que ele decide atacar, ele já
não conta mais com o apoio do seu planeta natal, visto que ele diz que
recuperara seu lugar junto aos novos deuses, isso explica porque não precisou
daquele enorme exército para enfrenta-lo, já que ele não contava com todo o
apoio que tinha antes, apenas alguns parademônios e nada mais. Não posso dizer
que me desagradei do vilão, porque conheço seu arco e entendi sua motivação,
mas entendo quem o achou pouco complexo.
Easter eggs:
Lanterna Verde: Pois é galera, finalmente temos uma aparição
real de um membro das tropas dos Lanterna Verde e inclusive do seu anel. Não é
um membro humano, mas é muito bom ver que eles vão realmente abordar esse
personagem.
Darkseid: Acredito que mesmo antes de seu nome surgir pela
boca do Steppenwolf eu sabia que ele iria chamá-lo. Eu duvido que ele será um
vilão do segundo filme, mas é muito bom saber que a ameaça real já foi
decretada.
Linguagem de Sinais: Confesso que quando o Barry citou esse
como um de seus interesses eu curti muito já que essa é uma provável referência
ao Gorila Grodd, um de seus inimigos mais icônicos.
Pós Créditos:
O filme conta com duas cenas pós créditos, obviamente obras
do Joss Whedon, a primeira é apenas
uma piada, uma referência clássica a um acontecimento recorrente nas histórias
em quadrinhos. A segunda por sua vez traz uma possibilidade muito boa para a
Liga da Justiça 2, já que vemos Lex Luthor e o Exterminador do Joe Manganiello reunidos e discutindo a
possibilidade de formarem sua própria Liga, uma referência a algumas formações clássicas
de vilões, que podem ser os inimigos deles num futuro não tão distante.
No fim das contas Liga da Justiça não é um filme ruim, porem
está longe daquilo que era esperado dele. Os maiores problemas residem justamente
na mão desajeitada de Joss Whedon no
lugar de Zack Snyder. Alguns
excessos provocados por este último diretor e picotadas na trama em geral.
* As caixas maternas são um computador vivo, criado pela tecnologia dos Novos deuses. A Caixa Materna está vinculada ao usuário e se comunica psiquicamente com ele.
**MacGuffin é um dispositivo do enredo, na forma de algum objetivo, objeto desejado, ou outro motivador que o protagonista persegue, muitas vezes com pouca ou nenhuma explicação narrativa.
* As caixas maternas são um computador vivo, criado pela tecnologia dos Novos deuses. A Caixa Materna está vinculada ao usuário e se comunica psiquicamente com ele.
**MacGuffin é um dispositivo do enredo, na forma de algum objetivo, objeto desejado, ou outro motivador que o protagonista persegue, muitas vezes com pouca ou nenhuma explicação narrativa.